terça-feira, 21 de outubro de 2008


Anastacia. Do grego, ressureição.
Há seis dias, brotou nesse coração-de-cicatriz algo tão próximo do amor, que julguei-me capaz de senti-lo.
Eu, que sempre metralhei palavras duras a esmo, a fim de arranhar com minhas sujas unhas algum corpo inerte tão podre quanto o meu, vi-me a cuidar de uma vida, uma vida tão frágil que não cheguei a ter o ímpeto de destrui-la.
Agora, seu corpo que estremecia de fome e de dor, não apresenta vestígio de pulsação. O pescoço pende no meu colo, e os pequenos olhos que nunca contemplaram a luz cerram-se para sempre. Para todo o sempre.
O pequeno pedaço de vida que cuidei incansavelmente não passa de matéria morta, tão logo putrefata.
Vai, meu anjo. Leve contigo o mais próximo do céu que fui capaz de chegar. Carregue com rastros de sangue as entranhas que aqui pulsam anêmicas.
Doce morte implacável. Pudera ser tão poderosa quanto você.

22 comentários:

Jéssica Torres disse...

Fiquei assim ó: =O
Tão profundo quanto possível!
A morte nos lembra o que temos de melhor pulsando na veia: vida. Deve ser por isso que nos permite escrever tão bem acerca de um assunto que tão poucos conhecemos!

Lamento pela gatinha!

Anônimo disse...

Ana. Anastácia.

Repousei seus pelos brancos no calor da dobra dos meus braços e peito.

Nunca me senti tão pai.

Nunca me senti tão certo de que a pessoa que eu amo, ama o mundo.

Nunca me senti tão certo de que estamos aqui, vida fugidia, a contemplar a passagem que tem tempos diferentes e determinados pra cada um. Pra cada ser. Pra cada sopro.

Há um novo sopro de vida pulsando em mim: é branco e tem seus olhos eternamente cerrados, pois amor não se ve - se sente.

TE AMO !! - a tb a nossa bonita relacão que cresce a cada dia. De nome novo a partir de hj, homenagem-justiça: Anastácia.

Bruno C. disse...

Muito legal seu blog! Parabéns!!!
xeroo

Veiga disse...

mt bonito...

parabens, escreve mt bem.

www.trocistas.com

Anônimo disse...

Eu adoro teu modo de escrever, as palavras que usa, mas senti como se o texto passasse o culto somente à materia, que quando viva era dona de alguma importância.

Karla Hack dos Santos disse...

Você falando da morte e eu, em meu blog , da expectativa do nascimento.
Belíssimo post.. cheio do sentir e de sentir de forma profunda!
Lindo!

;D

bjus

O Frango... ® disse...

E, que no final de tudo, a Anastácia possa descansar em paz! Pelo menos muito amada ela foi, isso dá para perceber pelo belo post!

Quer uma xícara de chá? disse...

Aprendemos muito com a dor, eu costumo dizer isso a todos, a dor nos ensina, ela é muito sabia. Dessas situação ruim só podemos tirar alguma lição, algum aprendizado novo, um amadurecimento.

Pedro Junior disse...

Eita, show, adorei de coração mesmo mt bom...

Natalie disse...

Porra, profundo demais.
Nunca vi a morte descrita com mais amor ao morto...que lindo. muito bem feito. parabéns.
pareceu até uma mensagem a ELOA

Anônimo disse...

Escreves muito bem. Parabéns!

Anônimo disse...

Escreve muiito bem, bem reflexivo.
Vaaleu por passar lá e gostar do meu blog. Volta depois, coisas novas. Beeijos e se cuida ;)

http://imcrazy.zip.net

Anônimo disse...

uhsausahsuahsauhas aham, 5 O_O
qe coisa né. vaaleu aee ;) sou novo em blog, sei quase nada, estou a procura de alguem que faça layout. Beeijos ;)

Unknown disse...

Oiee tudo bom?

Espero que sim! :P

Valeu pelo comentario no meu blog
o seu t amuito bacana
beijos

Parabens

Camila Barbosa disse...

Acho que esse é um dos seus melhores textos.
Ja ouviu falar de Nenê Altro, vocalista do Dance Of Days?
O Cara escreve muito (cantar ele não canta muuitoo não..rs) e ele sempre me inspira. Sempre.
E Hoje, eu consegui ver ele em você, não me pergunte como, não me pergunte o pq.
Acho que a inspiração ja é a mesma.
É, acho que sim.

Meus sinceros PARABÉNS, simplesmente perfeito.

Beijão. ;*

Anônimo disse...

Sensacional.

Meus Parabens !!!

Anônimo disse...

Gosta de Chico Buarque? Lendo seu texto (excelente, como de costume) me lembrei de uma música belíssima dele, se chama "Pedaço de Mim":

"Oh, pedaço de mim
Oh, metade arrancada de mim
Leva o vulto teu
Que a saudade é o revés de um parto
A saudade é arrumar o quarto
Do filho que já morreu"

s2 Raah s2 disse...

Após um dia de fragilidade pra mim, ler seus textos me deixam em agunia, mas me colocam em uma realidade gostosa de ler, e pensar.
Por mais que as vezes morbida,
ah, o amor morre dentro de mim, e eu estou tentando faze-lo partir logo.


parabens pelo seu texto.
pelo seu blog.

Bjuundah

http://naosouemo.blogspot.com/

Rayane Cássia disse...

Texto fascinante, de alguma forma me identifiquei com ele hoje, tem coisas que não tem explicação. muito bom teu blog :*

Pedro Junior disse...

Olá boa madrugada! passa lá no Visão Contrária tem um selo pra você!

T+
Abraços

www.visaocontraria.blogspot.com

Larissa Cavadas disse...

Lembrei-me do pequeno príncipe.
gostei dos textos
beijão ;*

Thainá Rosa disse...

Você escreve muito bem,consegue mexer com os sentimentos de verdade!
Por pouco eu não chorei...