quarta-feira, 29 de outubro de 2008



Hoje é dia de presente. Ebaa! =)
É o seguinte: ganhei três selos. Um da Arlequim querida (http://arlequim-incognita.blogspot.com/), outro do blog Visão Contrária (http://visaocontraria.blogspot.com/) e o último da Karla Hack (http://www.nascidaemversos.blogspot.com/). Recomendo os três para quem quiser ler algo que foge do clichê.
Fiquei muito feliz por saber que o que escrevo é agradável para algumas pessoas. Muito obrigada mesmo!

De acordo com as regrinhas, tenho que indicar outros dez blogs com os respectivos links para também serem "agraciados". =)

Então, lá vai:

Alexandre Bräutigam: http://www.sementesdebaoba.blogspot.com/
Vala Comum: http://valacomum.wordpress.com/
Com Idéias e Ideais: http://comideiaseideais.blogspot.com/
Jeff McFly: http://blogdoarroto.blogspot.com/
Karla Hack: http://nascidaemversos.blogspot.com/
Thiago Henrique Gonçalves: http://thiprodutofino.blogspot.com/
Café com Notícias: http://cafecomnoticias.blogspot.com/
Guilherme Pião: http://blogdopiao.blogspot.com/
Rayane Fernandes: http://pertodesentimentos.blogspot.com/
Igo Araujo: http://all-access-to-all-things.blogspot.com/

Bem, eu queria indicar novamente os dois que me presentearam, não por tê-lo feito, mas porque realmente gosto deles. Não sei se pode, logo, não coloquei na lista. Se alguém souber se isso vale, recomendo esses três na próxima vez. De qualquer forma, o endereço deles está acima, e como eu já havia dito, vale a pena visitar.

Abraços e muito obrigada novamente!

Post-Scriptum: coloquei a foto repetidamente devido aos três selos que ganhei.
PS2: eu não tinha visto que a Karla também me "selou", por isso editei o post. Adorei, querida! Gracias! ;)

terça-feira, 21 de outubro de 2008


Anastacia. Do grego, ressureição.
Há seis dias, brotou nesse coração-de-cicatriz algo tão próximo do amor, que julguei-me capaz de senti-lo.
Eu, que sempre metralhei palavras duras a esmo, a fim de arranhar com minhas sujas unhas algum corpo inerte tão podre quanto o meu, vi-me a cuidar de uma vida, uma vida tão frágil que não cheguei a ter o ímpeto de destrui-la.
Agora, seu corpo que estremecia de fome e de dor, não apresenta vestígio de pulsação. O pescoço pende no meu colo, e os pequenos olhos que nunca contemplaram a luz cerram-se para sempre. Para todo o sempre.
O pequeno pedaço de vida que cuidei incansavelmente não passa de matéria morta, tão logo putrefata.
Vai, meu anjo. Leve contigo o mais próximo do céu que fui capaz de chegar. Carregue com rastros de sangue as entranhas que aqui pulsam anêmicas.
Doce morte implacável. Pudera ser tão poderosa quanto você.

domingo, 19 de outubro de 2008


Chega!
Eu não vou abrir a janela enquanto essas malditas estrelas rirem de mim.
Não vou desfilar minha carne crua por essas ruas que cismam em entortar o caminho quando passo.
Tranco-me aqui. Ergo minha fortaleza com pedras tão cruéis que essa brisa raquítica sente vergonha de tentar transpor.
Deixem-me. Larguem-me à sorte da intangível felicidade da embriaguez, e do tabaco, que enegrece diariamente meus falecidos pulmões. Tão mortos quanto todo o resto.
Permitam-me, ao menos uma vez, estourar meus tímpanos com as cordas doces de um violino, e passar noites em claro a me aventurar com os ratos que emanam esgoto, o mais puro e sincero produto de nós mesmos.
Pela última vez, imploro-lhes que me deixem, para assim poder buscar a utópica redenção e dar continuidade a essa vida blasé.



Em OFF: primeiro, quero agradecer à Arlequim, por ter me dado um selo. Obrigada, querida! Prometo postá-lo amanhã. Ando sem tempo devido ao fato de ter adotado uma gatinha que mia loucamente.

Obrigada também a todos que visitam e comentam apesar da minha ausência. Leio tudo com muito carinho.

E um último agradecimento ao meu namorado, não por hoje, nem por ontem. Por sempre.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008



Doeu. Louca e desesperadamente, apressou-se para pegar a gaze e fazer parar, mesmo que à força, o maldito sangramento.
A necrose habitual com a qual convive diariamente - a mesma que vocês chamam de coração -, vomitou seu primeiro indício de vida. Ou de ausência dela.
As mãos, movidas pelo fracassado ímpeto de sobrevivência, assistiam ao sangue jorrar, e feito sanguessugas, agarravam-se a ele, tentando sorver qualquer vestígio de coisa-viva, de anêmica pulsação.
As pernas trêmulas, os olhos vermelhos, e os lábios cada vez mais roxos anunciavam o futuro delírio, o doce e nebuloso delírio dos que não têm mais nada. E ela não tinha.
Feito um gato, desenrolava um imbecil novelo na tentativa vã de construir algo que pudesse chamar de "seu", de "só seu", já que ele não pôde.
Já que ele tinha mesmo aquela vontade inerente de se doar a quem quiser, de se despedaçar por aí.
Com a incrível força dos que sentem dor, levantou-se, e lavou o corpo com uma água tão gelada que até seu violado coração sentiu inveja.
O suor salgado escorria lentamente, quase a tracejar uma linha no seu rosto pueril, até desaguar na boca, e fazê-la lembrar do quão duro foi ouvir aquilo tudo. Os gemidos, as palavras trôpegas de uma noite só. Até a luz apagar-se.
Até saírem dois rostos fatigados, tatuados para sempre. Marcados a fogo pela falta de respeito, de amor. Pela falta de tudo.
Sem saber se era suícidio ou legítima defesa, se a lâmina reluzia de pavor ou de libertação, ela fez. Fez com a mesma suavidade com a qual ouvia Vivaldi nos dias de chuva.

Doeu. Louca e desesperadamente.

domingo, 5 de outubro de 2008


Namoro um rapaz. Um lindo rapaz a quem entrego lágrimas e corpo. Afagos, e cada gota de sangue que circula pelo meu carrancudo coração.

Namoro um rapaz. Um lindo rapaz de olhos-de-esmeralda que constrói poemas e sonhos; que faz música e amor de uma forma tão sublime, a ponto de injuriar Apolo.

Namoro um rapaz. E é pra ele que dedico as tortas linhas que seguem:



Ao amanhecer colho as flores

Lírios, Magaridas, Copos-de-leite

E peço à alguma entidade

Xangô, Oxum, Oxóssi

A vida eterna do nosso amor

No meio do meu jardim

Deixo de lado as ervas daninhas

Rego, cuido, e começo a entender que

Estranho seria se eu não amasse você.



Namoro Alexandre.

sábado, 4 de outubro de 2008



Sempre tenho a nítida impressão de que alguém me observa, repudía-me.
De que alguém me aponta os dedos mais frios e cruéis, e tudo bem, obriga-me a aceitá-los, ou no máximo, a me esgueirar um pouco quando algum deles machuca fundo meu estômago.
Paranóia? Era. Até eu descobrir que esses dedos, malditos dedos, são meus.
Auto-confronto. Nenhum outro deixa mais seqüelas. Nada dilacera mais que esfaquear, decepar e fazer sangrar a si mesmo.
Julgo-me por odiar o azul do céu, o chato azul que queima minha retina, e trancar-me nas amargas sombras do meu quarto, a inspirar mofo e expirar dor. Mas me julgo ainda mais, por gostar.
Gostar do eterno frio que eriça os pêlos, que faz tremer as coxas. E da poeira, que insistentemente irrita o meu nariz.
Julgo-me, sobretudo, por sentir um certo prazer, um nojento prazer, ao me permitir esse masoquismo maçante, e não arrancar logo os malditos dedos com bisturi.
Mas, ao mesmo tempo que me julgo, pergunto-me: e se forem a única parte do corpo com um resto de vida que tenho?

Talvez sejam.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008


O céu cinza anuncia a futura chuva.
Margot, com seu cabelo vermelho, as unhas negras, e a pele vampíricamente branca apressa-se para tirar as roupas do varal.
"Que merda!" - grita, quando a primeira e densa gota cai sobre seus olhos azuis. Tristes olhos azuis.
"Agora não posso mais sair."
Pensa em chamar amigos para beber uísque ou jogar baralho, lembrar-se do colégio ou constatar o grande nada que todos eles viraram. Casamentos falidos, traições escancaradas, e filhos frutos do sexo sem graça, sem vontade e sem amor.
Acende um cigarro enquanto procura a agenda telefônica. "Deve estar em algum lugar". De fato, estava. Dentro da gaveta onde guarda as memórias do tempo em que ainda não se vendia para viver, e o pouco que restou de sua corrompida inocência. Ou o nada.
O primeiro não atende. O segundo, idem. E assim sucessivamente, entre secretárias eletrônicas e sinais de ocupado.
A chuva torna-se espessa, dá incríveis porradas na janela. Mas o dilúvio maior é interno. Ele não arranca telhados, arrasta entranhas. Machuca fundo.
Ela não quer mais companhia, álcool, nem cartas. Só um pouco de Morfina, ou qualquer outro anestésico que diminua a dor que a água causa ao dissolver seu coração de açúcar, cuja única função é bombear o sangue pro resto do seu corpo violado.
De soslaio, assiste à chuva passar tímida, como se sentisse vergonha do estrago que fez.
Margot reergue-se da cama, sopra as duas ou três cinzas que cairam sobre o peito nu, calça a bota.
Impermeabiliza as lágrimas salgadas com camadas de maquiagem e sai. Heróicamente, sai.
Mais uma noite na rua, com perfeitos desconhecidos a quem ela entrega o corpo que um dia já teve valor.
Mais uma noite no lixo, permitindo-se coexistir com a degradação do seu próprio "eu".

Essa é Margot. Essa sou eu. E você.